Diante das dificuldades enfrentadas pelos fiscais estaduais agropecuários, assim como por outras categorias do Poder Executivo do Estado, os servidores têm buscado alternativas de trabalho com melhor remuneração. Historicamente, a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) tem perdido talentos para o Ministério da Agricultura (Mapa). Apesar da semelhança nas atribuições, a instituição federal tem salário inicial 4,5 vezes maior.
Esta foi uma meta alcançada pela médica veterinária Lucila Carboneiro dos Santos, que foi fiscal estadual agropecuária durante 14 anos – de agosto de 2006 a dezembro de 2020. Descontente com a situação do funcionalismo estadual, decidiu tentar o concurso do Mapa, realizado em 2017, e foi aprovada.
“Estávamos enfrentando uma situação bem difícil no Estado. Nossos salários estavam sendo pagos parcelados e há quatro anos estávamos sem aumento. Na época, a falta de perspectiva de melhorias nas condições salariais foi o que me motivou a prestar o concurso federal, onde o salário e o plano de carreira dos servidores da fiscalização agropecuária era (e continua sendo) mais atrativo se comparado a carreira da fiscalização estadual”, recorda.
Lucila lembra com carinho do tempo que atuou na Seapi, período em que integrou a diretoria da associação. “Apesar de sentir saudade do trabalho e dos colegas, vejo que tomei a decisão correta. Quando trabalhava na Seapi, participei da diretoria da Afagro e pude acompanhar e participar das reivindicações dos fiscais agropecuários”, lembra a auditora fiscal do Mapa. Em 2020, ela fez parte do grupo de onze fiscais estaduais agropecuários que deixaram a função porque foram nomeados para o cargo no Mapa.
Agora, com o recente anúncio de um novo concurso ainda este ano, e diante do cenário de defasagem salarial e precarização das condições de trabalho no Estado, a Afagro já manifesta preocupação. “Infelizmente, esse movimento já ocorreu em concursos anteriores e a tendência é que, novamente, mais profissionais da fiscalização agropecuária estadual foquem no concurso do Mapa”, prevê o presidente da associação, Richard Alves.
Serão 200 vagas para auditor fiscal federal agropecuário, 100 vagas para agente de atividades agropecuárias, 100 vagas para agente de inspeção sanitária e industrial de produtos de origem animal e 40 vagas para técnico de laboratório – as três últimas exigem nível médio. Outro agravante é que, devido à precarização das condições de trabalho no Estado, vários colegas devem disputar as vagas para agente, como já ocorreu em concursos anteriores, pois são oportunidades com remuneração superior à dos fiscais estaduais.
Foto: Arquivo pessoal/Lucila Carboneiro dos Santos