Desvalorização salarial motiva saída de fiscais agropecuários do Estado

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O salário muito mais baixo em relação a outros estados tem levado o Rio Grande do Sul (RS) à perda de talentos na fiscalização agropecuária. Para compreender o cenário de desvalorização que a categoria enfrenta, basta comparar a remuneração de colegas que executam a mesma função em Santa Catarina ou no Paraná. Este é um movimento que vem ocorrendo nos últimos oito anos, período em que a remuneração dos servidores do Poder Executivo registra perdas que passam de 60% devido à não reposição da inflação.

O médico veterinário gaúcho Jonilson Lopes de Aguiar está no serviço oficial desde 2010. Trabalhou primeiro na Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e, em 2014, voltou ao Estado para assumir o cargo de fiscal estadual agropecuário na Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). O servidor público lembra que, na época, os salários nos dois estados eram equivalentes. Permaneceu na função até 2018, quando retornou à fiscalização agropecuária de SC.

“Hoje, o nosso salário aqui está o dobro”, compara Jonilson em relação à remuneração dos fiscais estaduais agropecuários do RS. E este certamente foi um fator determinante para a mudança de estado. “A desvalorização salarial foi uma das coisas que me fez trocar. Em quatro anos, o salário já não estava acompanhando o custo de vida que todo ano sobe bastante”, lembra o servidor, que ingressou no Estado bem na época em que começaram os atrasos e os parcelamentos dos salários, período que também coincidiu com o congelamento.

Segundo Jonilson, que atualmente está no Sul do litoral catarinense fazendo vigilância das aves silvestres, as condições de trabalho em SC são satisfatórias se comparadas às do RS. Além da remuneração base maior, a categoria recebe abono anual e um bônus de 25% do salário base no mês de aniversário de contratação. O trabalhador cita ainda a possibilidade de adesão ao plano de saúde da Unimed com atendimento nacional e a renovação da frota de veículos utilizados pela fiscalização agropecuária.

O veterinário lembra que as dificuldades financeiras também estimularam a decisão de ir para SC. “Enquanto estive na Seapi, eu estava afundado em dívidas com banco, era uma bola de neve. Ao vir para cá, consegui, aos poucos, quitar minhas contas e colocá-las em dia. Hoje estou estável financeiramente, pois o estado nunca atrasa pagamentos mensais nem o 13º salário”, relata o colega.

Foto: Arquivo pessoal

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